Aforismos contemporâneos
Pequenos esclarecimentos àqueles homens e mulheres adultos, bem nascidos, bem nutridos e tão abastados quanto mal criados, que a cada dia permeiam mais o cotidiano urbano. (A propósito de uma conversa que, particular que seria, em ambiente social me foi impingida aos ouvidos pelas centenas de decibéis com que emanava).
Ser não é sinônimo de ter.
Bolsa não é troféu.
Sapato não é pedestal.
Sala de cinema não é parque de diversões, e mesa de restaurante não é tribuna.
Intervenção estética não é assunto de utilidade pública.
Crachá de empresa não é medalha de honra ao mérito.
Os conceitos de ‘exibição’ e ‘elegância’ são excludentes quando aplicados a pessoas.
Pode-se converter identidade em imagem. O inverso, porém, não é verdadeiro.
Cada personal contratado é uma incompetência assumida.
Decote e comprimento de saia (ou vestido) crescem em proporção direta. Nível alcoólico e adequação, em inversa.
Presença de palavrão significa ausência de vocabulário.
É preciso ser bonita(o) para ser modelo, mas não é preciso ser modelo para ser bonita(o).
O uso de gentileza e cortesia não guarda relação de proporcionalidade com o nível socioeconômico do interlocutor.
Em tempo:
Elegância: sf. ‘distinção de porte, de maneiras, garbo’. XVI. Do lat. elegantia –æ: requinte, bom gosto, asseio, beleza de formas.
Elegante: adj. ‘belo de formas, cuidado no trajo, educado, polido’. XVI. Do lat. elegans –antis: que sabe escolher, bem escolhido, distinto, esmerado, conveniente, honrado.
Distinção: sf. ‘discriminação, separação, diferença’: discrimen, -inis, separatio, distinctio, discretio. XVI. Do lat. distinctio –onis.