Sem sapatos
Uma das imagens mais associadas à ideia de liberdade é a imagem de alguém descalço. Além de parecer uma certa forma de irreverência e não-obediência a padrões estabelecidos, caminhar sem sapatos é, de fato, um ato capaz de proporcionar prazerosas sensações de bem-estar físico, conforto e relaxamento. De científicas a místicas, as explicações são inúmeras.
Nossos pés são estruturas complexas e repletas de terminações nervosas que se conectam, por meio de ramificações, a diversos órgãos do corpo, à coluna vertebral, à cabeça e aos membros superiores e inferiores. A prática de cuidar do corpo pelo ato de tocar e estimular essas terminações tem o nome de reflexologia e vem sendo utilizada nas culturas orientais há milhares de anos.
Caminhar sem sapatos, especialmente sobre superfícies irregulares (areia, pequenas pedras, grama), nos faz massagear diferentes pontos do pé e estimular diferentes partes do corpo, favorecendo o bom funcionamento do organismo e estimulando a capacidade de concentração, a coordenação motora, a mobilidade e o equilíbrio.
Outros dizem que, ao pisarmos sobre solo úmido com pés descalços, descarregamos na terra o excesso de eletricidade estática corporal acumulada, obtendo dessa forma a sensação de relaxamento.
Já os mais místicos dizem que ao caminhar descalços aumentamos o fluxo de nossa energia vital (ou nosso Chi, Qi, Prana, Baraka ou Orenda, entre outros sinônimos), pelo contato direto que estabelecemos com a Terra, uma de suas fontes naturais – e o prazer que sentimos viria justamente do restabelecimento dessa conexão com o universo natural a que pertencemos.
Discutir e investigar as fontes de nossos prazeres é, muitas vezes, apenas saber identificar essas fontes, para assim podermos ampliar o espaço que elas ocupam em nossas vidas. Nem sempre importam suas origens ou a decodificação de seus processos… importa estarmos atentos às suas manifestações, garantindo que continuem vivas e presentes em nosso cotidiano.