Feitiço
‘A cidade enfeitiçada’ foi a primeira música de Paulo Gusmão que ouvi. Tal foi meu encantamento – pelo título inspirador, pela composição sublime e por seu arranjo tão sofisticado – que logo decidi buscar informações sobre o compositor que até então desconhecia.
O título da música batiza também seu respectivo álbum – uma ode ao Rio de Janeiro, lançada em 2009. Não menos inspiradores são os títulos das outras faixas que ali encontramos: ‘Flor de outono’, ‘O brilho do vagalume’, ‘Sua silhueta sutil’… sem falar em ‘Romance em Vila Humaitá’, delicadamente desmembrada em três atos. São quinze composições cativantes, que encantam e emocionam. Melodias e harmonias que chegam aos nossos ouvidos com leveza e suavidade, parecendo flutuar. Arranjos que estabelecem diálogos sutis entre sanfona, flauta, violão e outros instrumentos, como se cantassem uma história – e o ouvinte se sente imerso na atmosfera do cinema, invadido por imagens carregadas de graça e elegância.
Nascido na capital paulista, Paulo iniciou-se na música aos quinze anos. Estudou violão, guitarra, piano, flauta, baixo elétrico e canto, além de ter se dedicado também a percepção, harmonia, arranjo e orquestração. Instrumentista e compositor, já teve suas composições interpretadas por diversos corais, grupos, orquestras e bailarinos. Seu mais recente trabalho, lançado em 2020, o compositor volta à Cidade Maravilhosa, reafirmando sua personalidade em narrativas que sopram como a brisa – evoca Tom Jobim, a leveza tropical, amores românticos, encontros e despedidas, musicando lindamente o que diz o título do álbum: ‘O tempo que foi’.
‘A cidade enfeitiçada’, e toda obra de Paulo Gusmão, são o próprio feitiço – um encanto irresistível, magnético, fascinante. Música instrumental brasileira e contemporânea de altíssima qualidade, que toca o ouvido com doçura, a alma com beleza, e nos enche de imenso prazer.
Para conhecer e ouvir: www.paulogusmao.com.br.