Villa-Lobos Superstar
Heitor Villa-Lobos, como todo grande criador, começou sua obra sob influência dos grandes mestres do estilo vigente à sua época (como Wagner e Puccini), para depois promover o rompimento com a obra acadêmica e criar uma linguagem inovadora, própria e única. Incorporando elementos do folclore, de cantos populares e da cultura indígena à música instrumental (solo, de câmara ou sinfônica), abraçou as questões mais relevantes do modernismo, dando uma nova dimensão à chamada música nacionalista e colocando a música brasileira no cenário mundial. E em toda sua história, o compositor nunca percorreu um caminho linear – explorou várias possibilidades estilísticas e brincou com as mais inusitadas combinações de instrumentos, sempre de forma livre e em constante evolução.
Composto hoje por alguns dos maiores músicos brasileiros da atualidade (Rodolfo Stroeter, Paulo Bellinati, Nelson Ayres, Ricardo Mosca e Teco Cardoso), o grupo Pau Brasil sempre teve como objetivo pesquisar novas formas para a música instrumental brasileira. Desde sua criação em 1979, a releitura de gêneros e estilos e o cruzamento entre o tradicional e o contemporâneo para a criação de um repertório ‘visceralmente brasileiro’ são parte intrínseca de sua identidade – e, junto com a excelência técnica, a elegância na interpretação e o bom gosto na definição do repertório, fizeram do grupo uma referência na música instrumental brasileira, com reconhecimento internacional. Além de composições autorais, o Pau Brasil tem (re)leituras de Baden Powel, Jobim, Moacir Santos e Hermeto, entre outros, e de suas parcerias musicais fazem parte nomes como Gilberto Gil, Monica Salmaso, Naná Vasconcelos e Toots Thielemans, passando por Osesp e Jazz Sinfônica.
No início de 2012, o Pau Brasil lançou o excepcional ‘Villa-Lobos Superstar’ (em parceria com o quarteto de cordas Ensemble SP e com participação da voz de Renato Braz). Com magníficos arranjos de Ayres e Bellinati, o álbum traz uma releitura sensível de obras como as Bachianas Brasileiras nº 4 (Prelúdio e Cantiga) e nº5 (completas), além de várias outras canções, todas em belíssimas e emocionantes interpretações. E a surpreendente inserção de um quarteto de cordas numa formação tradicionalmente jazzística, acrescida dos pontos de luz criados pela voz de Renato Braz, conferem ao ao álbum uma linguagem como a de Villa-Lobos: inovadora e única.
Ao reler Villa-Lobos com tanta competência, o Pau Brasil não apenas demonstra conhecimento acerca da obra do compositor, mas sobretudo a leva adiante, na medida em que, como o próprio Villa-Lobos faria, afirma seu apreço à história, revela seu talento para a inovação e reitera sua vontade de evoluir sempre.
Para saber mais: http://www.grupopaubrasil.com.br